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I'll tell you my sins and you can sharpen your knife;

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Mensagem por Don Javier Espiñosa Sex Out 13, 2017 7:38 pm

FOR THEE, MY LORD, FOR THEE.

Como uma sombra opressora sobre os fiéis, Jesus jazia pregado na cruz, cada pequeno vinco moldado em seu rosto para transparecer o puro sofrimento de seu martírio. Javier estendeu um dos braços pelo espaldar do banco, um cigarro entre os lábios enquanto fixava o olhar sobre a face do filho de Deus. Sentar em silêncio em um dia chuvoso constituía ação perigosa, sobretudo quando decidia deixar a carne deleitar-se nos prazeres mais vulgares e mundanos. Passara anos sem qualquer uma daquelas coisas — o desejo sexual, os cigarros, as memórias e a dúvida —, e agora se via subitamente bombardeado por elas. Graça e justiça, por muito tempo foram as únicas palavras responsáveis por reger sua trajetória no mundo; as únicas coisas que via, os únicos modos de se resolver algo. Levava a justiça de Deus aos merecedores, encomendando suas almas em nome do Senhor; auxiliava os necessitados com sua graça, abençoando-os quando Ele comandava. E ele era feliz assim.

Até não ser mais.

Única incógnita na equação inteira era o fato de não conseguir encontrar a raiz do problema, o estopim da dúvida. Ou simplesmente por saber exatamente onde encontrá-lo e temer resolvê-lo, desencadeando uma reação ainda pior. Fechou os olhos, soprando a fumaça vagarosamente, deixando a nicotina agir sobre o próprio corpo. Então ouviu a porta, o rangido de quando as dobradiças se moviam, e agradeceu por não ter cuidado daquele som irritante mais cedo. Jogou o cigarro por baixo das botas e pisou com certa raiva, empurrando as cinzas para baixo do banco no qual estava sentado. — Então, o que lhe traz à casa de Deus nesta tempestuosa tarde? — Levantou-se, de braços abertos, fazendo seu melhor para afastar-se do ponto onde anteriormente estivera sentado, esperançosamente tentando livrar-se do cheiro de fumaça. — Procurando abrigo da chuva?

So we shall flow a river forth to Thee and teeming with souls shall it ever be



Don Javier Espiñosa
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I'll tell you my sins and you can sharpen your knife; Empty Re: I'll tell you my sins and you can sharpen your knife;

Mensagem por Mariya Josephina Navolska Sex Out 13, 2017 9:08 pm



WHERE THE COLD WIND BLOWS

In the pines, in the pines Where the sun don't ever shine I would shiver the whole night through



A memória muscular era a principal responsável por cada uma das passadas efetuadas pelos pés descalços, visto que a fracção consciente da criatura dormitava, embalada pelo afago de distantes abstrações que faziam apologia à corrente situação. Frio. Demasiado. A sensação parecia colar-se até seus ossos em uma atroz mímica do análogo dano que diminutas e afiadas lâminas haveriam de provocar, em caso de que lograssem contato com a débil anatomia. Não era clara a finalidade da locomoção, no entanto, não por isso faltavam-lhe a urgência ou o formigamento da aflição, despertadas por algo tão pouco sólido quanto a pálida certeza de uma provável salvaguarda ao fim do caminho. Com ambos braços em torno ao próprio corpo — em um lamentável gesto de auto-conforto — tão agarrada a si quanto à cega esperança meramente percebida, seguia. Percebia a certeza de que precisava chegar. O quanto antes.

Para alguém cujo coração pulsante estava diretamente atado à forma mais literal do calor humano, fora tola o suficiente como para apartar-se deste por dias à fio. No entanto, como já denotado pela descolorida epiderme, a cobrança justa a todos vem. Cada escolha carga consequências, e o imprudente descaso para e consigo estava a apresentar as suas. Não que fosse aquela a primeira vez. Não obstante, era uma das piores. Ansiava alheios braços como um famélico anseia o saciar. E embora não muito fosse necessário para consistir imediato bálsamo à condição, almejava alguém específico, desconsiderando a usual aspereza dos tratos. Poderia queimar-se na epiderme de outrem e, ainda assim, encontrar deleite no destrutivo contato. Meramente por ser ele.

Ao finalmente avistar tencionado destino, trovoadas fizeram de prólogo à vindoura chuva; e o início da queda desta a instara à corrida, modo a evitar o pior das águas. Finalmente apartando de si a pressão dos próprios braços, cruzara o umbral da entrada da igreja — um local que preferia evitar —, adentrando o calado e cinzento ambiente. Sequer tivera tempo de fazer saber a própria presença, antes que a voz do espanhol ecoasse por local.         ❝——— Sim.❞       'Não.'       ❝É para evitar a chuva que estou aqui.❞    'Estou congelando. Por favor, me abrace. Não me importo com o provável inferno, com tal que de fato seja quente.'        ❝Posso ficar aqui até passar? A menos que esteja ocupado. Não quero atrapalhar... O que está fazendo?❞  


†THEPUMPKINKING
Mariya Josephina Navolska
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Mensagem por Don Javier Espiñosa Sex Out 13, 2017 11:38 pm

FOR THEE, MY LORD, FOR THEE.

Josephina trazia em seu encalço a impiedosa estação gerida por sua progenitora, um frio mordaz pelo qual muitos homens já haviam encontrado seu fim através das eras. Embora em menor escala, a algidez reverberava do miúdo corpo em ondas, tornando o ambiente em um pesadelo claustrofóbico, um deserto estéril preenchido por figuras de santos, vitrais caleidoscópicos e esculturas de anjos expurgando a maldade dos que ali adentravam. Durante os dias anteriores, enquanto comandava missas, Javier se via sufocado pelas quatro paredes; naquele momento, com seu mais conspícuo pecado prostrado diante de si, a gola clerical em sua camisa era como a lâmina de uma adaga contra a jugular. Todas aquelas imagens o julgavam, questionando sua coragem. Poderia ele desafiar o Senhor em sua casa? Mesmo tocá-la indicaria danação infinita. Todavia, a real pergunta era: poderia evitar tocá-la? Porque queria muito, e o inferno dele seria nunca mais poder senti-la de qualquer forma.

Hesitante, avançou para recebê-la, vagarosamente deixando os olhos esquadrinharem-na em busca de algum ferimento — em algum pequeno canto de sua mente, uma voz baixa dizia que não, que apenas queria vê-la porque sentia falta da presença alheia. — É claro que pode. A casa de Deus estará sempre aberta para qualquer necessitado, não cabe à mim decidir quem fica ou não. — Respondeu, em tom neutro, coisa rara em sua voz. O padre tendia a ser facilmente irritável com perguntas de quaisquer cunhos. Alguns diziam que era exatamente por suas privações que o deixavam amargo e diminuíam sua empatia. — Nada demais. — Comendo cu de curioso, a voz mais grosseira gritou em sua mente, mas Javier limitou-se a repuxar os lábios em uma encenação quase sinistra de sorriso. — Apenas pensando. Mas o silêncio nem sempre é bom, pode acabar trazendo ideias incorretas, cenas indesejadas, memórias dolorosas e toda sorte de pensamentos hediondos... Definitivamente. — Emitiu um som de descontentamento do fundo da garganta.

Finalmente, atingiu-o como um soco o fato de que não poderia simplesmente ignorá-la. Mariya Josephina, por mais que não tomasse como hábito a animação exibida por outras jovens, parecia pior do que o usual. Havia tantos ímpetos no âmago de Javier, mas ele não poderia dar vazão a nenhuma daquelas vontades impuras. — Você está encharcada. — Observou, embora fosse óbvio. Era como uma afirmação particular, para que tivesse consciência de que seus próximos atos não seriam guiados pelos desejos da carne, mas sim pelos cuidados com suas ovelhas, ovelhas estas postas em suas mãos pelo próprio Senhor. Javier deveria ser condenado às chamas do inferno por deturpar as palavras Dele daquela maneira. — Você não pode ficar assim, Mariya. — Levou uma das mãos ao braço da moça, disfarçadamente engolindo em seco. — Venha. Você precisa se aquecer antes que acabe adoecendo.

Ninguém possuía acesso aos aposentos nos fundos da igreja, um conjunto de três pequenos cômodos onde Javier vivia durante o período fora do Acampamento. Ele abriu a porta e entrou primeiro, apanhando o maço de cigarros jogado na mesinha do corredor para que a moça não visse, enfiando-o no bolso das calças. — Você pode ir ao banheiro para se limpar. Eu arranjo roupas e ligo o aquecedor para secar suas vestes enquanto isso. — Apontou para uma porta, indicando o cômodo citado. — Está com fome?
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